Esclarecimento sobre a Influenza Aviar (Gripe das Aves)

ESCLARECIMENTO

A Influenza Aviar (Gripe das Aves) e os nossos pombos.

Nestas linhas tentaremos descrever numa linguagem clara e simples a situação actual. Queremos alertar para o facto das informações sobre a referida doença evoluírem, por vezes, a um ritmo acelerado estando, por isso, sujeitas a permanente actualização. Sublinhe-se, igualmente, que as opiniões dos peritos sobre as medidas preventivas e outras a tomar são por vezes contraditórias.
É evidente que só decisões tomadas pelas autoridades competentes de Portugal e da CE têm consequências directas para a nossa columbofilia.

  1. A Influenza Aviar é uma doença de origem vírica que afecta as aves susceptíveis (galináceas, patos e gansos, etc.) e que nelas causa grande mortalidade. O vírus responsável faz parte do grupo dos vírus da Influenza tal como os vírus da Influenza humana ou gripe humana.
    Antigamente esta doença era também conhecida sob o nome popular de Peste Aviaria devido à grande mortalidade que causou.
    Resultados de pesquisas e de experiências clínicas sugerem que o pombo-correio é muito resistente ao referido vírus, no entanto como já foram constatados casos em outros pombos temos de ser prudentes e vigilantes. 

  2. Muitos vírus variam, evoluem e adquirem outras características, facto que torna o seu impacto imprevisível (daí que as vacinas da Gripe humana tenham de ser regularmente “actualizadas”).
    Também existem vírus que podem adaptar-se a outras espécies alvos: assim o vírus da influenza aviar pode em casos específicos adaptar-se a aves anteriormente consideradas resistentes, mas também a cães, porcos ou humanos. É nestas circunstâncias de contacto intenso com um foco de Influenza Aviar altamente patogénica que houve algumas mortes humanas a deplorar.
    Os vírus têm por vezes a capacidade de conjugar-se geneticamente com vírus do mesmo grupo para dar origem a estirpes muito agressivas (neste caso teme-se uma combinação com o vírus da Influenza humana que poderia provocar um tipo de gripe humana muito letal).
    De qualquer forma, quanto mais a circulação do vírus da gripe das aves se prolongar, mais o risco de infecção humana aumenta. 

  3. O vírus é transmitido mediante contacto com dejectos ou secreções respiratórias das aves.

  4. A disseminação da doença pode ser feita directamente pelas aves doentes mas também por vectores (não ou poucos susceptíveis) que tenham tido contactos com aves infectados ou os seus produtos: podem ser por exemplo pessoas ou aves migratórias.

  5. Foram detectados nos últimos tempos diversos focos de Influenza Aviar no Extremo Oriente e há poucos semanas foram diagnosticados também alguns casos nas zonas orientais da antiga União Soviética.

  6. No Outono começam em geral as migrações de muitas aves provenientes do norte da Europa (incluindo a Rússia) para regiões com um clima menos rigoroso.

  7. Alguns cientistas europeus chamaram a atenção para a possibilidade de ameaça de um surto humano, com eventuais consequências dramáticas, devido ao suposto transporte do vírus da Influenza Aviar por parte das referidas aves migratórias. De facto, alguns países europeus situam-se, eventualmente, na rota destas aves na sua migração para Sul.
    Assim, na altura da passagem destas aves migratórias, as nossas aves domésticas susceptíveis poderiam infectar-se e – como estaremos no inicio do Inverno - seria de temer uma eventual conjugação perigosíssima com o vírus da Influenza humana que, nesta época fria, geralmente grassa na Europa.

  8. Neste contexto, a Holanda – que possui várias ilhas onde passam muitas aves migratórias - decretou a obrigação de manter fechadas todas aves criadas para fins alimentares (incluindo os pombos de carne criados para este efeito) a partir de 22 de Agosto de 2005.
    Outras aves domésticas ou de estimação (incluindo os pombos-correio) não são abrangidos pelo decreto. Países com a Bélgica limitaram-se a uma vigilância intensificada das explorações avícolas industriais.

  9. Outros cientistas assumiram posições criticas às medidas tomadas pela Holanda alegando que a disseminação do vírus da Influenza Aviaria, por meio de aves migratórias, é puramente hipotética uma vez que aves susceptíveis e doentes (como os patos) não são capazes de voar milhares de quilómetros, simplesmente morrem. Eles designam o homem e o comércio de alguns produtos avícolas como os vectores mais perigosos para a doença.

  10. No pretérito dia 25 de Agosto reuniu-se a Comissão Europeia e concluiu que medidas tão drásticas como as decretadas pela Holanda, por enquanto, não se justificam, afirmando que tendo em conta o conhecimento disponível sobre as rotas e movimentos das aves migratórias a probabilidade de essas aves disseminarem o vírus é remota ou muito baixa.

  11. Considerando que os nossos pombos-correio são aves sanitariamente bastante controladas, que nesta época passam a maior parte do tempo fechados nos seus pombais, que não procuram a promiscuidade com outros tipos de aves, que até agora são considerados não ou pouco susceptíveis à Influenza Aviar, cremos que não existe necessidade de qualquer tipo de pânico ou preocupação exagerada.

  12. As considerações feitas no parágrafo anterior são confirmadas por duas comunicações pessoais do departamento de virologia e de patologia aviária duma faculdade com bastante experiência em pombos:
    “... Em relação com outras aves como as galinhas, os perus, os patos, os gansos, as codornizes, os faisões, as aves canoras…o pombo é considerado imune para a IA. Em 1997, ficou provado mediante testes de laboratório (publicação de 2002) que os pombos não eram sensíveis ao vírus da Influenza H5N1, que grassou em 1997, em Hong Kong, nas galinhas e num número reduzido de pessoas. Também durante os surtos muito importantes na Itália (1999-2000) e na Holanda (2003) nunca foi isolado o vírus em pombos”.
    “Só existe uma única publicação em que está referido que foi possível isolar o vírus 3 dias após uma infecção experimental”. “Não é totalmente de excluir que o pombo pudesse ter um papel na transferência mecânica do vírus (fezes contaminadas nas patas ou nas penas) mas isso é igual para todas as aves”.

  13. No dia 19 de Setembro 2005 terá lugar em Bruxelas uma reunião da Comissão Veterinária da FCI para definir a posição a tomar pelas federações implicadas e para proporcionar um intercâmbio de informações úteis sobre o assunto.

O Gabinete Veterinário da FPC