FRONTOLOGIA
Como sabemos, na atmosfera existem
fenómenos tais como ventos fortes, precipitação, trovoadas, tectos baixos e
nevoeiro, entre outros, que condicionam fortemente a actividade columbófila e
apresentam consideráveis perigos para a segurança do Pombo Correio. Neste
capítulo, ao estudarmos as superfícies frontais, iremos ver o modo como estas se
formam e os perigos que representam para a Columbofilia. Nesses perigos
incluem-se os anteriormente referidos, com a agravante de não "actuarem"
individualmente mas sim associados.
Mas o que é então uma superfície
frontal? E uma frente?
Quando estudámos as massas de ar vimos que, quando as suas características térmicas são diferentes (ar polar e ar tropical por exemplo), não se misturam existindo entre elas uma superfície de descontinuidade que se designa por superfície frontal. À linha de intersecção da superfície frontal com a superfície terrestre dá-se o nome de frente. A representação esquemática das diferentes superfícies frontais e frentes será vista mais adiante.
A teoria da frente polar. Existem duas zonas frontais principais em
cada hemisfério: uma que separa o ar árctico do ar polar e outra o ar polar do
ar tropical. Estas duas superfícies ou zonas frontais originam, por intersecção
com a superfície da terra, duas grandes frentes. A primeira é a frente árctica e
a segunda a frente polar. A frente árctica encontra-se praticamente confinada às
latitudes polares e não exerce qualquer influência no tempo da maior parte do
globo, pelo menos do ponto de vista da previsão a curto prazo.
A frente polar, pelo contrário, é mais importante pois condiciona o tempo às nossas latitudes. Separa, como já se disse, o ar polar do ar tropical e, ainda que algumas vezes possa ser quase inactiva ou mal definida, aparece nas cartas de tempo em redor de todo o hemisfério. A sua posição e intensidade mudam constantemente e nela têm origem quase todas as depressões das zonas temperadas.
Frentes
Figura 1.
Frente.
A maioria dos fenómenos meteorológicos ocorrem ao longo de
frentes. |
Quando uma massa de ar se move de encontro à outra, resulta daí uma
mistura ao longo de superfície frontal. Na maioria das vezes, as massas não
perdem as suas identidades quando uma é subreposta acima da outra. Qualquer
massa que avança, é sempre um ar mais quente e menos denso que é forçado a
subir, ao passo que o ar mais fresco e mais denso actua com uma cunha ocorrendo
assim o levantamento.
Para identificar uma frente numa carta de superfície, os meteorologistas
usam:
Os principais tipos de frentes são:
Frentes frias;
Frentes quentes;
Frentes oclusas;
Frentes estacionárias.
a) Frentes
frias: é uma zona
aonde o ar frio substitui ar quente (Figura 2 e 3).
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Figura
2. O tempo na superfície associada com uma frente fria. (Precipitação
representada em áreas verdes). |
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Figura
3. Esquema de uma frente
fria. |
Quadro - Sequência normal das condições de tempo associadas à passagem de uma superfície frontal Fria |
Elemento |
Antes da passagem |
À
passagem |
Após a passagem |
Pressão |
Decresce |
Sobe bruscamente |
Sobe lentamente |
Vento |
Se é de SW Roda para Sul, Aumenta de intensidade e sopra com
rajadas |
Roda bruscamente para NW, Aumenta de intensidade e sopra com
rajadas |
Mantém-se forte mas diminuem as rajadas |
Temperatura do ar |
Mantém-se mas diminui durante a chuva |
Diminui bruscamente |
Pequenas variações durante os aguaceiros |
Temperatura do ponto orvalho |
Pequenas variações |
Diminui bruscamente |
Pequenas variações |
Humidade relativa |
Aumenta durante a chuva |
Mantém-se elevada durante a precipitação |
Diminuição brusca logo que a chuva pare |
Nuvens |
Ci, Ac, As, e Cb |
Cb com as bases baixas |
Cu e Cb no ar frio |
Tempo presente |
Chuva |
Chuva, muitas vezes forte, acompanhada de trovoada e por
vezes de granizo |
Chuva forte durante um curto período seguida de
aguaceiros |
Visibilidade |
Fraca |
Fraca durante a precipitação |
Excelente no ar frio excepto durante os aguaceiros |
b) Frentes
quentes: é uma zona
aonde ar quente substitui ar frio (Figura 4 e 5).
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Figura
4. O tempo na superfície associada com uma frente quente. (Precipitação
representada em áreas verdes). | |||
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Figura
5. Esquema de uma frente quente. |
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Quadro - Sequência normal das condições de tempo
associadas à passagem de uma superfície frontal Quente |
Elemento |
Antes da passagem |
À
passagem |
Após a passagem |
Pressão |
Decresce continuamente |
Estabiliza |
Mantém-se ou decresce lentamente |
Vento |
De Sul ou Sudeste e aumenta de intensidade |
Roda para Sudoeste ou Oeste e diminui de intensidade |
Mantém a direcção e intensidade |
Temperatura do ar |
Sobe lentamente |
Sobe |
Mantém-se |
Temperatura do ponto orvalho |
Aumenta com a precipitação |
Aumenta |
Mantém-se |
Humidade relativa |
Aumenta com a precipitação |
Pode aumentar um pouco |
Pequenas variações |
Nuvens |
Ci, Cs, As, NS em sucessão |
Ns e St. Os tectos são normalmente baixos |
St e Sc, formando tectos baixos |
Tempo presente |
Chuva contínua |
Chuva contínua ou intermitente |
Céu muito nublado com tectos baixos, chuvisco ou chuva fraca |
Visibilidade |
Boa, excepto durante a chuva |
Fraca |
Geralmente fraca |
c) Frentes
oclusas: é uma frente
complexa aonde uma frente fria se encontra com uma frente quente (Figuras 6).
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Figura
6. Esquema de uma frente oclusa. |
d) Frentes
estacionárias: é uma frente
quase estacionária aonde o fluxo de ar em ambos os lados da frente não se dirige
para a massa de ar fria ou para a massa de ar quente, mas é paralelo à linha da
frente. Frentes estacionárias formam-se quando uma frente avançando retarda ou
pára sobre uma região (Figura 7).
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Figura
7. Esquema de uma frente estacionária. |
Texto elaborado por: CAP\TOMET Fernando Garrido
Fotos e desenhos
de: